O Cavalo de Tróia não morreu, só aprendeu a voar.

o conflito no Oriente Médio

Dando sequência às reflexões, as guerras entre Ucrânia e Rússia, e entre Israel e Irã, continuam revelando lições estratégicas sobre criatividade, coragem e como vulnerabilidades internas definem o sucesso ou o fracasso de uma defesa.

No século XXI, o cavalo de Tróia não é mais feito de madeira, mas de plástico, chips, linhas de código e protocolos. E por mais que o termo tenha virado clichê – ele ainda funciona. Repetidamente.

O maior pesadelo de um gestor de segurança não é a tentativa de invasão. É descobrir que a invasão já aconteceu, enquanto tudo parecia sob controle.

O modelo da “presente inocente” com um inimigo escondido dentro segue relevante até hoje: na segurança física, no ciberespaço e no campo de batalha.

A lógica é simples: em vez de atacar os muros de frente – entrar sem lutar. Como? Convencendo alguém de dentro a abrir o portão por vontade própria.

Três exemplos atuais – com a mesma tática disfarçada de inovação:

1. A operação dos pagers – Israel vs. Hezbollah
No ano passado, milhares de combatentes do Hezbollah foram mortos ou feridos após explosões de pagers e rádios comprados por eles mesmos. Eles seguiram protocolos rígidos de segurança e inspeção – mas as peças internas foram manipuladas pelo Mossad, com explosivos invisíveis aos scanners. Resultado: colapso do comando da organização e vitória clara de Israel após um longo impasse militar.

2. Drones ucranianos – o “Cavalo de Troia” sobre rodas
A Ucrânia infiltrou centenas de drones camuflados dentro da Rússia, escondidos em caminhões civis. O resultado: quase 40% dos bombardeiros estratégicos russos foram destruídos. Uma ação que um exército como o dos EUA não ousaria realizar diretamente – por medo de uma escalada global. A resposta russa? Uma ofensiva confusa e mal coordenada de drones – que foi praticamente neutralizada.

3. O ataque israelense ao Irã – veio de dentro
Enquanto o Irã esperava aviões do oeste, agentes do Mossad ativaram drones de dentro do território iraniano, desativando baterias antiaéreas e neutralizando comandantes e cientistas. Fontes estrangeiras indicam que Israel teria montado uma fábrica secreta de drones que atacaram por trás das linhas de defesa no próprio Irã. Isso não é apenas ataque. É infiltração. É domínio estratégico dentro do território do inimigo que não sabia de nada.

Por que o “Cavalo de Tróia” ainda funciona, mesmo depois de 3 mil anos?

  • Porque a rotina embota a percepção

  • Porque existem muito mais portas para cuidar

  • Porque equipes de segurança se apegam a protocolos sem questionar suposições

  • Porque subestimam a criatividade do inimigo

  • Porque confundem autoconfiança com cegueira operacional

E na sua organização — como vocês se protegem de “presentes” suspeitos? Porque quando acontecer, não vai parecer um cavalo. E com certeza, não vai entrar pela porta da frente.

 

Texto escrito por Hen Harel – CEO da Ôguen, sobre suas impressões sobre o cenário atual de conflito no Oriente Médio.