Por Hen Harel
Entre 2018 e meados de 2023, os estados brasileiros registraram mais de 700 ocorrências com drones em presídios do país. As aeronaves passaram a ser uma alternativa estratégica usada pelos criminosos para ingressar com objetos ilícitos, como celulares, drogas e até armas, inundando as penitenciárias com contrabando.
Em outubro de 2023, por exemplo, um drone de grande porte foi apreendido enquanto sobrevoava um presídio em Tremembé, no interior de São Paulo, carregando um pacote com uma série de objetos para os detentos, como uma faca, celulares e uma porção de drogas. A carga foi apreendida, mas o operador do drone não foi localizado e ninguém foi preso.
Recentemente, em novembro deste ano, um preso morreu após ser baleado por outro detendo durante uma triagem dentro do Complexo Prisional de Canoas, em Porto Alegre. A arma teria ingressado na instalação por meio de um drone, segundo a Polícia Penal.
Como os agentes prisionais não podem estar em todos os lugares, muitas vezes esses contrabandos passam despercebidos. Os presos utilizam celulares ilegais para coordenar com os pilotos dos drones o posicionamento dos guardas e informar possíveis obstáculos. Assim, os pacotes são deixados em pontos que esses prisioneiros conseguem acessar, como um pátio de exercício, ou até mesmo entregues diretamente na janela da cela.
Para tentar driblar a detecção e fiscalização das aeronaves, os criminosos também têm usado a criatividade. Na Penitenciária de Canoas, os policiais penais abateram um drone que carregava uma pomba morta. Dentro do corpo do animal havia drogas que seriam deixadas para os presos. A tática era soltar a ave no interior da prisão sem chamar a atenção de ninguém, já que uma pomba morta passaria despercebida.
Para reduzir ou até eliminar esse “delivery ilegal”, os estados têm investido milhões em diferentes soluções, como fuzis, rádio e antena neutralizadores de drone e até a instalação de telas sobre os pavilhões e solários para dificultar a entrega dos produtos ilícitos.
É extremamente importante buscar formas para combater esse problema, mas é preciso compreender quais soluções oferecem uma proteção mais abrangente, eficaz e que não ficará obsoleta em apenas alguns anos, como o caso de alguns bloqueadores de celular, que viraram moda há um tempo nos presídios. Muitos desses equipamentos se mostraram totalmente ineficazes, porque com o avanço da tecnologia, o sinal dos aparelhos adquiridos bloqueavam apenas o sinal 2G e 3G, mas hoje já estamos no 5G.
O mesmo acontece com anti-drones que operam baseadas apenas em frequências específicas e fabricantes conhecidos, isso porque cada vez mais surgem drones criados manualmente, juntando peças, sem seguir qualquer tipo de protocolo e usando frequências fora dos padrões de mercado. É preciso ter uma solução capaz de detectar os drones, independente da sua origem, protocolo e frequência, e consiga rastrear e localizar múltiplas ameaças simultaneamente e em tempo real, visto que outras técnicas dos criminosos para confundir e distrair a equipe penitenciária é enviar vários drones ao mesmo tempo, para conseguir chegar ao seu destino sem interceptações.
Por isso, nos projetos que participamos aqui na Ôguen, utilizamos o antidrone R2 Wireless, uma solução israelense de capacidade militar, pronta para qualquer missão que exija a detecção e localização de ameaças, como drones, celulares, dispositivos IoT e jammers, seja em terra, mar ou ar. A solução exige pouquíssima infraestrutura e pode ser instalada de maneira fixa ou móvel, dependendo do tipo de projeto, e possui justamente essa capacidade de não depender de frequência ou fabricante conhecido para conseguir fazer a detecção de até 20 ameaças simultâneas.
No caso das penitenciárias, o software embarcado no R2 consegue, além de identificar movimentos suspeitos com precisão – reduzindo falsos alarmes –, ainda é capaz de revelar a localização do operador do drone não autorizado, facilitando a investigação da polícia, já que está tramitando na Câmara dos Deputados um projeto de lei (PL 5902/23) que altera o Código Penal para prever pena de 1 a 5 anos de reclusão e multa para quem utilizar drones para entregar objetos a detentos em presídios.
Os drones nas mãos erradas são uma ameaça real, cada vez mais latente, e a tendência é que esse tipo de ação continue a crescer no mundo do crime, tanto para entrega de contrabando nas unidades prisionais, como para auxiliar em invasões, roubos e outros tipos de delitos. O debate entre os profissionais do mercado de segurança precisa ser constante, tanto para encontrar a melhor forma de mitigar esses riscos, como para integrar soluções e assim tornar as instalações cada vez mais seguras.
Hen Harel
Fundador e CEO da Ôguen. Especialista em análise de risco e implementação de projetos de segurança complexos. Você me encontra aqui: www.linkedin.com/in/henharel.